quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cara Caramba Cara Caraô


Você acorda, vê que o sol está super forte e decide ir a um lago. Chega, estende sua canga no gramadinho (ou uma toalha ridícula, se vc for gringo), lança o óculos escuro e cinco minutos depois já está se perguntando ´cara, esse sujeito aqui do lado está pelado MESMO?!´.

Sim. Provavelmente o sujeito está pelado.

A próxima pergunta poderia ser ´Será que vim parar numa área de nudismo?!´.

Não. Não necessariamente.

É bem por aí... Em lagos e parques, ver pessoas completamente nuas já nem é mais novidade. Com esse calor que está fazendo e com as minhas andanças pelas áreas verdes de Berlin, praticamente nem me surpreendo mais quando vejo aquela família feliz completamente sem roupa a dez metros de mim, ou o casal simpático pegando um sol com a bunda branca mirando o céu. (Nada contra bundas brancas.)

Em muitos lugares da Alemanha, essa questão de nudez não tem exatamente a mesma conotação - majoritariamente sexual - a que estamos acostumados pelas Américas. As pessoas tendem a dizer que isso de nudez em público tem a ver com a influência da antiga Alemanha oriental e da visão open-minded do comunismo sobre estar nu. E que fique claro que não me refiro ao inocente e pudico topless. Aliás, o movimento Freikörperkultur (FKK), algo como 'Cultura do Corpo Livre', ou o Naturismo tedesco, teve seu boom lá pelos anos 60, mas ainda hoje está super presente.

Não é raro ver guias turísticos comentando e sugerindo saunas e praias alemães em que o nudismo é obrigatório ou sugerido. E até mesmo depoimentos na Internet de pessoas que estavam em piscinas públicas e foram gentilmente indicadas pelos funcionários a 'tirarem a roupa', sem que isso soasse estranho ou pornográfico.

É óbvio que a Alemanha não é a única a adorar ficar nua pela vida. Em Barcelona tem um sujeito que anda pelado pelas calles e que já virou atração turísticas. E na Escandinávia, por exemplo, se deparar com o colega de trabalho sem roupa durante um passeio dominical nem é tão incomum.

(sorrisinho irônico*)



Update: Daí que, devido à quantidade de alemães pelados perambulando pelos Alpes, a Suíça votou uma lei que proíbe caminhadas sem roupa.

(risada alta*)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pssst!



Eu poderia abrir o primeiro post sobre minha estadia em Berlin de várias outras formas, mas... Há umas semanas, de manhã, estava eu no metrô (por aqui 'U-Bahn') com meu fone de ouvido, ouvindo música do celular. Tirei um dos fones para encaixar o brinco na orelha, e qual não foi a minha surpresa quando uma mulher a uns 5 metros de mim fez sinal para que eu abaixasse o volume!? Abaixei sem entender bem. Ela deu um sorrisinho discreto e agradeceu. Era difícil acreditar que aqueles 5 segundos em que meu fone ficou fora do ouvido, saindo aquele sonzinho, tenham incomodado TANTO a jovem senhora. Mas foi isso mesmo. Depois de alguns minutos, voltei a aumentar o volume, com o fone prontamente instalado na minha orelha. Ela não reclamou, não fez sinal e nem mudou a expressão. Ou seja, o meu volume não estava alto. O incômodo foi mesmo pelos 5 segundos em que o fone ficou fora da orelha.

Esse é só um exemplo do meu choque diante do silêncio que impera por aqui. Na Holanda, eu já havia sido avisada de que quanto mais pra cima do globo, mais baixo é o tom de voz. Mas agora estou tendo a prova real. As pessoas falam baixo mesmo, então qualquer ruído pode parecer um berro. Por sinal, está proibido levar sacolas cheias de garrafa de vidro à noite para a reciclagem. O motivo, claro, é evitar aquele barulhinho típico das garrafas batendo umas nas outras em plena hora do descanso sagrado (fonte: Sofia).

A foto de abertura é de uma plaquinha afixada no metrô. Claro que ninguém gosta de estar ao lado de um sujeito berrando no telefone, mas não é interessante que isso seja um ponto tão relevante que chegue a ter plaquinha no transporte?

Por ora, sim, estou pelas Alemanhas desta vez. Estando por perto, é só chamar. Mas baixinho...


Ahh, falando nisso... quase não ando de metrô mais, porque super tenho uma bicicleta e super tenho problemas em aceitar que um bilhete do tal U-Bahn custe 2,10€. Mas concluí que andar no metrô de Berlin é meio que fundamental de quando em vez. Por exemplo, dia desse tinha um Dobermann na minha frente (ou alguma raça igual). Sim. O cão. Comportadinho, silencioso, indiferente... quase um cidadão local. Onde mais você encontra um Dobermann no teu vagão do metrô?!

terça-feira, 30 de março de 2010

AeroportoZzzzz...


Estou arrumando as malas para a minha nova empreitada. Segundo um amigo (beijo, Francesco!), para a ‘atual capital da Europa’. Tudo de novo. Passaporte, visto, seguro de saúde internacional e... aeroportos.

O fato é que já passei por uma boa quantidade de aeroportos. Seja para embarcar, para alguma escala rápida, para receber alguém ou para chorar em despedidas. Até me sinto um tanto íntima de alguns deles. Parceirona do Portela (Lisboa) e eternamente perdida no Schiphol (Amsterdam). Na verdade, minhas histórias de aeroportos vão do triste ao divertido, passando, obviamente, pelo bizarro.

Esses dias, depois de uma conversa despretensiosa pelo Skype, me veio a idéia de escrever sobre aeroportos. E, logo em seguida, encontrei vários sites que falavam de aeroporto do mundo (os principais, talvez), mas com foco nas pessoas que costumam DORMIR neles. Sim, porque dormir em aeroporto pode soar bem homeless, mas é super comum entre viajantes (pelo menos na Europa). Não sei se há estatísticas para a razão, mas a minha teoria é de que isso acontece porque existe um número grande de companhias 'low cost', mas nem sempre os horários dos vôos dessas companhias são agradáveis. Já tive que estar, por exemplo, às 6h da manhã na fila do check-in, pois o avião levantaria às 7h. E aí como chegar num aeroporto a essa hora se a disponibilidade de transporte diminui absurdamente de madrugada? Solução: chegar ao aeroporto na noite do dia anterior e dormir por lá.

Um dos mais legais é o The Guide to Sleeping in Airports. Útil e divertido. Sobretudo pelos relatos irônicos dos membros.

Acho que minha dormida mais pitoresca foi o El Prat, de Barcelona. Cheguei lá por volta de meia noite e vi que pessoas incrivelmente sábias estavam dormindo nas esteiras do check-in. Sério, se existe um prêmio para ‘idéias fantásticas para mochileiros’, quem teve essa idéia é o vencedor. Vantagem 1: a esteira não é fria como o chão. Vantagem 2: dormir na horizontal é melhor que dormir sentada. Cometi apenas um erro. Escolhi a esteira da Clickair, cujos check-in’s começavam super cedo. Ou seja, às 6h havia uma mocinha maquiada me cutucando e dizendo ‘Señora, ya vamos a empezar’.

A última vez foi no Fiumicino, em Roma. As esteiras estavam bloqueadas e, como as cadeiras possuem braços (bastards!), dormi no chão mesmo. Abraçada com minha bolsa, usando a mochila como travesseiro e a canga como cobertor. Ah, e uma garrafa de sangria ao lado. Acho que na época estava lendo ‘A Educação Sentimental’, mas não consegui passar por muitas páginas, porque a sangria funcionou como canção de ninar.

No entanto, existem algumas dicas para quem decidir economizar no taxi de madrugada e dormir num aeroporto. E aí, mais uma vez, preciso dizer que o site é super útil. Primeiramente procure saber se naquele aeroporto é permitido passar a noite. Já ouvi que nem todos permitem isso. Além disso, tenha sempre a sua passagem aérea em mãos, com o horário do vôo, pois pode acontecer de algum policial ou segurança pedir para ver. Afinal, suponho que eles não queiram que o aeroporto vire a casa de ninguém. Outra coisa importante é, claro, buscar um lugar seguro para dormir. Não é muito inteligente se encostar nem em um canto escondido do resto da humanidade, nem no meio dos corredores principais. Por razões óbvias.

Certeza que vou visitar o site muitas outras vezes. Mas, por ora, deixo aqui um vídeo que todo mundo já conhece, mas que eu super continuo achando bonitinho. Para quem não sabe, foi uma iniciativa da TAP em vários aeroportos. Esse foi em janeiro, aqui no Galeão (Rio).





Disso acho que vou sentir saudade...