terça-feira, 31 de julho de 2012

Mudanças e equilíbrio


Mudanças me estabilizam.

Não aquelas mudanças de decoração, de trabalho, de corte de cabelo. Mas as mudanças que incluem malas, mochilas, google maps e escolhas próprias.

Estou de mudança para São Paulo. Pelos próximos meses, vou conviver com 'manos', 'bolachas' e baladas'.  (É por opção. Mas, por favor, não me julguem!)

Se antes eu me preocupava com vistos, seguro-saúde e preço das passagens da Air France, agora essas preocupações não existem. Tudo parece mais fácil e igualmente divertido. Claro que odeio ter que procurar quarto para alugar e ser obrigada a lidar com coisas do tipo 'Procura-se moça higiênica', mas, fora isso, tudo sob controle!

Não sei nada sobre São Paulo, a não ser que falo uma língua muito parecida à dos seus moradores - meio caminho andado. Ah, sei também que é bastante provável que vá comer tanto pastel e tanto sanduíche de mortadela que meu colesterol vai me matar antes do Natal. Mas ok, porque o mundo vai acabar antes mesmo...

Também não conheço quase ninguém em São Paulo, como não conhecia em Lisboa. E, lá, convivi com pessoas que hoje formam um parte enorme de mim - possivelmente a melhor parte de mim.

Ou seja, vai ser incrível, meu.

Em tempo: se souberem de pessoas que alugam quartos por preços razoáveis, perto do metrô, aceito sugestões! Ofereço tortilla espanhola, strogonoff, boa companhia e consultoria em assuntos inúteis.


Em tempo 2: espero que Criolo esteja bem errado e exista muito amor em Ésse Pê.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Vinho, catarses e Rio+20



Catarse.

Talvez essa seja a palavra que melhor definiria meus últimos dias vivenciando a Rio+20. Não fui ao Riocentro e não participei de nenhum evento oficial. Mas entrei no ritmo de tudo que a extraoficialidade me permitiu. O TEDxRio+20 mereceria um post próprio, de tanta coisa boa que fez despertar. Em um dos breaks, entre um brigadeiro e outro, ouvi uma frase que expressa bem aqueles dois dias: “Tenho a sensação de que todos aqui poderiam ser meus melhores amigos”. Eu também tive essa sensação. E de todas as sensações que deixam uma pessoa feliz, essa é uma das mais embriagantes.

O Forte de Copacabana e o Fórum de Empreendedorismo Social também deram um show à parte. Eu quis dar uma upa na Marina Silva quando ela falou que “não devemos ser otimistas nem pessimistas, mas persistentes”. Tanta gente. Tantas ideias. Tanto de tantas coisas. O excesso fez mais do que sentido. E é tão raro ver o excesso fazendo sentido…

Aí fiquei três horas no trânsito para chegar ao Rio+Social e, como se alguém quisesse dizer ‘Calmaí que vai valer a pena!’, me vi no mesmo evento que o Muhammad Yunus. Fui atrás dele - munida de todo o nervosismo dos meus 26 anos adolescentes - e ele me abraçou e me deu a mãozinha. Até consegui entrevistá-lo brevemente. ‘Ok, camarada, entendi! Realmente valeu a pena!’

A Rio+20 foi muito mais do que um documento assinado por chefes de Estado. Acho que pela primeira vez vi pessoas comuns discutindo a mudança do mundo como se fosse um problema de todo o mundo - o que é bastante irônico se considerarmos que, bueno, sempre foi um problema de todo o mundo.  

Sem dúvidas, a transformação social é urgente, mas a transição pra uma realidade mais justa e coerente não será feita de um dia para o outro. Já começamos um processo que será longo. Mas começamos. E, no meu modo meio torto de ver as coisas, só por isso já deveríamos comemorar. Com vinho, de preferência.